Apesar de parecer um produto simples, o ovo está entre os alimentos mais sensíveis para exportar. O que para muitos soa como uma oportunidade subexplorada — afinal, o Brasil é um dos maiores produtores do mundo —, na prática envolve barreiras sanitárias, riscos logísticos e exigências técnicas que poucos dominam. É exatamente o tipo de operação que revela os bastidores da
exportação de produtos de média complexidade, uma área crítica no comércio exterior.
Neste artigo, explicamos
por que ovos in natura raramente são exportados, o que de fato se exporta, e
como esse caso específico ilustra os desafios enfrentados por empresas que atuam com exportação especializada, sujeita à regulação sanitária, fiscalização internacional e exigências normativas rigorosas.
O que são ovos in natura — e por que não viajam? Ovos in natura são os ovos frescos, com casca, coletados e distribuídos sem nenhum processamento adicional. Embora estejam presentes diariamente na mesa de milhões de brasileiros, exportá-los para consumo direto é extremamente raro. Os principais motivos incluem:
- Alta perecibilidade: a vida útil do produto é curta e altamente dependente de refrigeração constante.
- Fragilidade física: o risco de quebra durante o transporte internacional é altíssimo, gerando perdas financeiras e riscos sanitários.
- Exigências sanitárias severas: muitos países importadores simplesmente proíbem a entrada de ovos crus para consumo humano, como forma de proteção contra doenças como a salmonelose, causada pela bactéria Salmonella.
Além disso, a
exportação de produtos de origem animal requer habilitação no SIF (Serviço de Inspeção Federal), aprovação prévia do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) e, quase sempre, a emissão de
Certificado Sanitário Internacional, com base em acordos bilaterais, multilaterais e protocolos específicos.
O que se exporta, então? - Três formatos viáveis de ovos! Embora os ovos in natura enfrentem barreiras quase intransponíveis, outros formatos são viáveis e já fazem parte da pauta exportadora brasileira:
1. Ovos líquidos pasteurizados. Utilizados por indústrias alimentícias, padarias, confeitarias e hotéis. Apresentam maior segurança microbiológica e são transportados sob refrigeração, após passar por processo térmico que elimina microrganismos.
2. Ovo em pó (desidratado). Possui vida útil longa e excelente viabilidade logística. É amplamente usado na fabricação de massas, produtos de panificação e rações animais, com classificação fiscal específica.
3. Ovos férteis (para incubação). Usados para reprodução e não para consumo. Ovos férteis não contêm embrião desenvolvido. Durante o transporte, os ovos são mantidos a temperaturas entre 15°C e 18°C para evitar o início da embriogênese. Durante a exportação, o desenvolvimento é interrompido por controle térmico. O embrião só começa a se formar após o ovo ser colocado em incubadoras comerciais no país de destino. Esse tipo de exportação é comum para matrizes e genética avícola, e exige cuidados específicos com temperatura, vibração e documentação zoossanitária.
Exportações de média e alta complexidade: o que elas têm em comum? O caso dos ovos é ilustrativo de uma realidade mais ampla: o Brasil possui centenas de produtos com potencial exportador, mas cuja saída internacional depende de:
- Conformidade regulatória nacional e internacional;
- Inspeções e registros ativos;
- Aprovações técnicas e sanitárias;
- Certificados Sanitários Internacionais e laudos complementares;
- Planejamento financeiro, tributário, cambial e logístico.
Essas são as características típicas das
exportações de média e alta complexidade, especialmente em setores como alimentos, ingredientes ativos, insumos biológicos, produtos agropecuários e derivados de origem animal.
Curiosidades que reforçam o ponto- Já houve tentativas pontuais de exportar ovos in natura do Brasil para países do Oriente Médio e da África, com resultados limitados.
- Alguns países exigem certificação zoossanitária até para ovos cozidos ou pasteurizados.
- Uma microfissura invisível pode invalidar todo um lote — o que torna o custo com embalagem, transporte e seguro proibitivo em muitos casos.
A lição por trás da Exportação de Ovos O caso do ovo — tão cotidiano e, ao mesmo tempo, tão regulado — mostra como a exportação especializada exige mais do que um bom produto. É necessário conhecimento técnico aprofundado, assistência regulatória completa (incluindo licenças, registros e notificações), além de análises criteriosas de viabilidade econômica. Operações de média e alta complexidade, como as que envolvem produtos de origem animal, ingredientes sensíveis ou restrições sanitárias, demandam um parceiro com visão integrada — capaz de alinhar requisitos técnicos, normativos e operacionais ao posicionamento estratégico do negócio.
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