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Exportação de Cosméticos Naturais

Mercado
01 de novembro de 2020
Tempo de leitura: 5 minutos
Em 2018, os cosméticos naturais, veganos e orgânicos, juntos, haviam movimentado pouco mais de US$9 bilhões (de dólares) em negócios, em todo o mundo. Naquela época, as projeções mais otimistas indicavam que, em 2024, essa cifra poderia alcançar até US$22 bilhões (de dólares) em comércio. Ocorre que um salto dessa proporção, em tamanho de mercado e em pouco tempo, parece refletir um novo comportamento de consumo nas principais cidades do mundo. Mas, por que?

A seguir, você acompanhará um breve recorte do mercado internacional de beleza sustentável, pautado pelo aumento das exportações de cosméticos naturais e da percepção dos novos consumidores, principalmente os millennials e a geração Z.

Afinal, você conhece todas as substâncias que compõem/integram cosméticos convencionais, amplamente conhecidos e utilizados como: o batom, os cremes hidratantes, o shampoo e a loção de barbear? Você sabia que, muitas dessas substâncias estão ligadas ao câncer e aos distúrbios hormonais?

De fato, o efeito cumulativo de nossa exposição às matérias-primas que compõem cosméticos convencionais diversos, ainda que em pequenas quantidades, é uma preocupação, sobretudo, em função da frequência que usamos esses produtos!

Por exemplo: com qual frequência você aplica um desodorante em suas axilas? - Já parou para pensar, daqui a 10 anos, em quantas vezes você terá tido contato com as substâncias eventualmente prejudiciais/tóxicas presentes nesse produto? Isso porque estamos falando apenas das axilas.
 
É sabido que a nossa pele absorve cerca de 60% (sessenta por cento) do que colocamos sobre ela. Pensando nisso, o Breast Cancer Prevention Partners, uma das organizações internacionais sem fins lucrativos que acompanhamos (exclusivamente para a preparação desse artigo), tem trabalhado para retirar substâncias tóxicas da composição de cosméticos convencionais e de produtos voltados aos cuidados pessoais.

A seguir, compartilharemos as substâncias mais preocupantes encontradas em 5 (cinco) cosméticos convencionais diferentes:
  
  • Seruns Anti-envelhecimento (os famosos antiaging). O politetrafluoroetileno – PTFE é usado em alguns produtos anti-envelhecimento e, pode estar contaminado com ácido perfluorooactanóico - PFOA, um possível carcinógeno. A exposição a estes compostos está associada à menstruação tardia, posterior desenvolvimento mamário e maior incidência de câncer de mama.
 
  • Esmaltes. Os ftalatos são encontrados em esmaltes e fragrâncias. A exposição ao ftalato está ligada à puberdade precoce, sobretudo em mulheres. Por isso, pode ser um fator de risco para o câncer de mama. Fragrâncias são compostas por coqueteis de ingredientes e podem conter dezenas de substâncias químicas potencialmente nocivas.
 
  • Cremes hidratantes, óleos ou pomadas. Os parabenos são um grupo de compostos amplamente utilizados como conservantes aplicados em cremes hidratantes, loções, pomadas e outros cosméticos convencionais. Alguns parabenos são conhecidos como disruptores hormonais.
 
  • Shampoos. A substância 1,4-dioxano é a responsável pela espuma dos shampoos, tanto os adultos quanto os infantis. De acordo com o Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos e com a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, essa substância é um contaminante cancerígeno.
 
  • Filtros Solares. Vários filtros UV utilizados em cosméticos convencionais podem ter propriedades de destruição hormonal, incluindo benzofenona, homosalato e octinoxato. Essas substâncias são utilizadas em uma variedade de produtos de cuidados pessoais (inclusive protetores solares, batons, esmaltes e cremes para o rosto e para o corpo).

Do ponto de vista regulatório, ainda não há impedimento generalizado para a utilização dessas substâncias na composição dos cosméticos, na maior parte do mundo. Por outro lado, rótulos e embalagens são ferramentas importantes e costumam alertar aos consumidores sobre o que esperar de cada produto desejado. De maneira que, os compradores podem e, tudo indica que, estão analisando criteriosamente - principalmente em países desenvolvidos, como cada produto é manufaturado e quais os riscos agregados ao seu consumo.

As novas gerações estão mais atentas e descofiam, inclusive, de produtos que parecem naturais, eco-friendly, mas fazem parte de uma estratégia de greenwashing. Ou seja, quando organizações fazem uso indiscriminado e proposital, em rótulos e embalagens, de palavras como natural, sustentável e seguro, mesmo sem base técnico-científica.

As exportações de cosméticos naturais têm alavancado o setor e buscam atender as demandas de consumidores cada vez mais bem informados e preocupados com a qualidade do que consomem. Cientes, também, de que o aumento da expectativa de vida, especialmente no Brasil, coloca luz a necessidade de envelhecer com qualidade.

Nesse meio, algumas premissas ajudam os consumidores a balizar suas expectativas, são elas:
 
  1. Cosméticos naturais são compostos por 95% de ingredientes naturais e 5% de matérias-primas orgânicas.
  2. Cosméticos veganos, por sua vez, não possuem ingredientes de origem animal (como o mel e o colágeno), nem são testados em animais. Geralmente, detém a certificação internacional cruelty free.
  3. Cosméticos orgânicos, possuem, pelo menos, 95% de matérias-primas orgânicas e são livres de agrotóxicos e organismos geneticamente modificados. Não contém derivados de petroleo, silicones, corantes, tampouco substâncias químicas agressivas. Os cosméticos orgânicos são, ainda, ricos em nutrientes, protegem contra o envelhecimento prematuro, são ótimos ao meio-ambiente e gentis à saúde da pele e dos cabelos. 

Os cosméticos naturais, veganos e orgânicos são consumidos, majoritariamente, nos Estados Unidos, Japão, China e India. Na Europa, a Alemanha é o principal comprador. E essa tendência tem se mostrado firme também na América do Sul e nos países da África Setentrional. Um setor pujante, que observa com carinho a biodiversidade e que requer investimento constante em P&D (pesquisa e desenvolvimento).